25 de Fevereiro de 1749: é reconhecido um Lugar, e uma Missão


A 25 de Fevereiro de 1749, 16 anos após a fundação deste Instituto e 7 anos depois da sua primeira elaboração, são finalmente aprovadas em Roma as Constituições da Congregação do Santissimo Redentor, que até então se chamava de Santíssimo Salvador. Finalmente Afonso e os seus companheiros (na altura cerca de 34 membros) obtêm o reconhecimento oficial de que precisavam para desenvolver a sua missão. Este acontecimentos tem em si um grande valor simbólico: a Igreja reconhece que os Redentoristas têm um lugar e uma missão no Evangelho, têm um contributo para dar, e pede-lhes que sejam fiéis ao seu Projecto de Vida.

Hoje, passados 260 anos, os cerca de 5500 redentoristas espalhados por todo o mundo procuram, no meio do seu quotidiano e com as suas limitações, ser fiéis à missão e ao contributo que têm para dar ao Evangelho. Na história da Igreja já muitas famílias (congregações e institutos) começaram e terminaram a partir do momento em que deixaram de ser fiéis ao seu Projecto de Missão – e terminam, e a Igreja continua, e sobretudo o Reino continua. E o Espírito continua, “a soprar onde quer” (Jo 3,8).

Neste dia, como em muitos outros, escuto a missão que os redentoristas reconhecem como lhes sendo atribuída e guiada pelo Espírito: “Os Redentoristas têm na Igreja, como sua principal missão, a proclamação explícita da Palavra de Deus para a conversão fundamental” (Constituição 10). E compreendo que os Redentoristas continuam e continuarão a ter um lugar e uma Missão ao serviço deste Reino – desde que renovemos sempre, como discípulos e como comunidade, a nossa fidelidade ao Espírito.

Primeiro, porque na Igreja não deixam de existir aqueles “abandonados” de que Afonso tão bem encontrou em Scala, todos aqueles a quem a Igreja “não pôde ainda prover de meios suficientes de salvação; os que nunca ouviram o anúncio da Igreja ou, pelo menos, não o recebem como “Evangelho”; ou, finalmente, os que são prejudicados pela divisão da Igreja.” (Constituição 3).

Mas sobretudo, e é este o critério mais importante, porque não deixa de acontecer o Evangelho. Não deixa de haver uma Boa-Noticia, de uma Salvação que é tão actual, porque está no próprio seio da Humanidade a caminhar… Ao citar Is 49,8: “No tempo favorável, ouvi-te e, no dia da salvação, vim em teu auxílio”, o Apóstolo proclama com toda a força: “É este o tempo favorável, é este o dia da salvação!” (2 cor 6,2). Continua a ser, este, o “Ano Favorável da parte do Senhor” que proclama Jesus citando, de novo, a Isaías (Lc 4,19).

Porque a Páscoa está a acontecer, como Presença do Espírito Santo, “Amor de Deus derramado nos nossos corações” (Rom 5,5), “que em nós clama Abbá, Pai! Pois se somos filhos de Deus, somos também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo” (Rom 8,15-17). É hoje que esta Humanidade à qual pertencemos está a nascer como Corpo, Comunhão Filial, adoptados como Filhos em Jesus (Ef 1,5). E é hoje que esta Humanidade continua a precisar que o Espírito Santo de Amor, através de todas as mediações possíveis, continue a curar, restaurar, reconciliar de todas as feridas…

E mesmo que um dia, por absurdo ou milagre, ou simples cumprimento da História, já não existam os tais “abandonados”, não deixará de haver quem anuncie o Evangelho da Graça e do Amor. Se calhar aí sim, será plenamente anunciado. E se os Redentoristas, no meio de todos os irmãos, também anunciarem e cantarem este Evangelho como o Espirito e a Igreja lhes pediram em 1749 e lhes continuam a pedir hoje, então é porque cumprimos o nosso “encargo”: “Ai de mim se não evangelizar!” (1Cor 9,16).

Um grande abraço!

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