Sinais e Testemunhas da sua Ressurreição...

Fiél ao seu tempo, o pleno século XVIII das luzes, Afonso concentra a sua atenção na morte na cruz de Jesus como o centro da Salvação para a Humanidade. A Ressurreição seria apenas a confirmação da sua divindade, e uma questão apenas para os não-crentes; para os crentes, é na morte de Jesus que surge a sua humanidade na qual nos podemos ligar, pela nossa vida muitas vezes marcada pelo sofrimento e injustiça, no seu tempo como hoje.

Talvez o maior mérito de Afonso tenha sido a luta contra um contexto pessimista acerca da Salvação e relação com Deus: quem se salvará, era a pergunta, e a resposta tendia a ser muito diferente de uma Boa-Notícia... Perante isto, Afonso apresenta a Páscoa como a maior prova do Amor de Deus que, por pura Graça, nos salva, numa Salvação que é Universal e Gratuita:

«Que grande esperança de salvar-nos nos dá a morte de Jesus Cristo! ‘Quem nos condenará? Jesus Cristo, aquele que morreu, mais, que ressuscitou, que está à direita de Deus é quem intercede por nós?’ (Rom 8,34) Sim, Jesus meu, amo-te e confio em ti. Resgatar-me custou-te caro, salvar-me não te custa nada. A tua vontade é que todos se salvem e que ninguém se perca. Se os meus pecados me assustam, a tua bondade me encoraja, pois desejas amar-me mais do que eu sou capaz de receber…»

Passados dois séculos, a Constituição 51 afirma: «Por essa total dedicação à missão de Cristo, participam os Redentoristas da abnegação da cruz do Senhor, de sua virginal liberdade de coração, de sua radical disponibilidade pela vida do mundo. Devem, pois, tornar-se perante todos os homens sinais e testemunhas da força de sua Ressurreição, ao mesmo tempo que anunciam a vida nova e eterna»

As palavras são fortes: sinais e testemunhas da força da sua Ressurreição... como discípulos e baptizados, os redentoristas procuram construir a sua vida no seguimento o mais disponível possível de Jesus, o Cristo.

Quando falamos da Páscoa, estamos a falar do Acontecimento com maior força e vitalidade pessoal que a história da Humanidade já conheceu… a vida de um homem pertence, é assumida na Vida de Deus, e toda a Humanidade é abraçada num Mistério de Comunhão Familiar:

«De facto, todos os que se deixam guiar pelo Espírito, esses é que são filhos de Deus. Vós não recebestes um Espírito que vos escravize e volte a encher-vos de medo; mas recebestes um Espírito que faz de vós filhos adoptivos. É por Ele que clamamos: Abbá, ó Pai! Esse mesmo Espírito dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus» (Rom 8,14-16)

A Experiencia Pascal é a história do reconhecimento e encontro com o Ressuscitado, Presente como o Primogénito de muitos irmãos (Rom 8,29), Mestre e Senhor dos discípulos (Jo 13,13). Este encontro dá-se num caminho, a par e passo, com todas as mediações como a comunidade, as escrituras, a experiencia da própria vida… Daqui nasce a verdadeira necessidade de testemunhar uma Graça, um Amor e uma Salvação maiores, excessivos diante de todo o pecado: «Ai de mim, se eu não evangelizar!» (1Cor 9,16)

É desta experiencia que nasce da Palavra e do Espírito que acontece a vida dos Redentoristas. A sua entrega, com a maior disponibilidade de que são capazes, à missão de Jesus que é o Reino (Lc 4,43), procura ser sinal e testemunho desta Páscoa. É a única maneira que temos de dizer o que isto significa…

«Os Redentoristas consolidam sua vida pessoal e comunitária pela profissão religiosa, para se dedicarem totalmente à obra do Evangelho e exercerem a perfeição da caridade apostólica, o que constitui o próprio fim da Congregação» (Constituição 46)

E testemunham este Mistério Pascal como um grande acontecimento de Graça e Reconciliação: na nossa história marcada pelo pecado, a Presença do Ressuscitado é uma Presença de Perdão e Paz (Jo 20, 21-22): Ele está connosco como presença pessoal de renascimento… E a nossa vida e a nossa história, como homens e mulheres, recebe das próprias mãos de Deus a sua dignidade: somos uma Nova Criatura (Ef 2,4).

«Testemunhas do Evangelho da Graça de Deus (cf. Act 20,24), os Redentoristas proclamam, antes de tudo, a sublime vocação do homem e do género humano. Sabem que todos os homens são pecadores, mas sabem igualmente que esses mesmos homens já foram de um modo mais profundo escolhidos, salvos e reunidos em Cristo (cf. Rm 8,29ss.)» (Constituição 7)
Boa Páscoa! Boa Missão...

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