Comunidade Apostólica

A par do anúncio explícito do Evangelho e da opção preferencial pelos pobres, a vida e missão em comunidade é outro dos elementos essenciais do carisma redentorista: “Os Redentoristas, para corresponderem a sua missão na Igreja, exercem a obra missionária de modo comunitário. Pois, a forma apostólica de vida em comum abre, do modo mais eficaz, o caminho para a caridade pastoral. Por isso, para os Redentoristas é lei essencial de sua vida: viver em comunidade e por meio da comunidade realizar o trabalho apostólico. Por esse motivo, sempre se considere o aspecto comunitário ao se aceitar um trabalho missionário. A comunidade, porém, não é somente a convivência material dos confrades, mas, ao mesmo tempo, comunhão de espírito e de fraternidade” (Const. 21).

De facto, uma das originalidades da intuição de Afonso para a nova Congregação que estava a nascer era que os seus membros deveriam viver em comunidade para se dedicarem totalmente à obra de evangelização. As comunidades deveriam ser, não só residência dos missionários, como centros de missão permanente. Os missionários vivem em comunidade para se entregarem à missão de anunciar o Evangelho nos contextos mais abandonados, de um modo permanente e não apenas pontual.

O título que as Constituições dão à comunidade redentorista – Comunidade Apostólica – provém da sua inspiração – a primeira e fundamental comunidade, Jesus e os seus Apóstolos. «Subiu à montanha, foi chamando os que quis, e foram com ele. Nomeou Doze (a quem chamou de Apóstolos) para que convivessem com ele, e para enviá-los a pregar com poder para expulsar demónios» (Mc 3, 13-15). Neste pequeno texto encontramos as dimensões fundamentais da Vida Apostólica: chamamento como experiencia de encontro com Jesus, comunhão com Ele, conhecimento e descoberta do Reino, e envio a continuar a mesma missão de Jesus, a missão a que o Espírito consagra pelo Reino.
O modelo encontra-se também em Act 2, 42-47 para qualquer comunidade crista e, claro, para uma comunidade redentorista. “A vida comunitária leva os confrades a porem em comum, em fraterna e sincera convivência, à maneira dos Apóstolos, orações e deliberações, dores e trabalhos, sucessos e insucessos e também os bens temporais, a serviço do Evangelho” (Const. 22).

Assim, os redentoristas vivem juntos, em comunidade, para alimentar a sua experiência de Fé, o seu aprofundamento da Palavra e a vida de Oração. Descobrem e reconhecem que Cristo Ressuscitado está presente no meio deles, como o está sempre que dois ou três se reúnem em seu nome. A vida comunitária, em que os redentoristas se abraçam como irmãos, é um contexto privilegiado de vida no Espírito Santo. Diz a constituição 23: “Chamados a continuar a presença de Cristo e sua missão de redenção no mundo, escolhem os Redentoristas a pessoa de Cristo como centro de sua vida. Esforçam-se por se unir sempre mais a Ele em comunhão pessoal. Dessa maneira estarão o próprio Redentor e seu Espírito de amor presentes no coração da comunidade, para formá-la e sustentá-la. Na medida em que os confrades mais intimamente se unirem a Cristo, mais estreita será a comunhão entre eles próprios.”

Essa vida no Espírito consagra os redentoristas para a Missão. Vivendo em comunidade, toda a vida dos redentoristas está dedicada à Missão, e é a comunidade redentorista que está em Missão. Pelos carismas pessoais de cada redentorista que os conduz ao anúncio do Evangelho de variadas formas e caminhos, vivendo unidos na única Missão, apoiam-se uns aos outros e, frequentemente, apresentam-se também juntos no anúncio do Evangelho. Formam uma Família no Espírito para o serviço do Reino, e nela vivem a sua vocação pessoal e cristã. No fundo, descobrem que ao viver em comunidade a sua missão estão a optimizar as suas possibilidades e capacidades, tornando mais fecundo o anúncio do Evangelho.

As nossas comunidades, sobretudo as com maior numero de redentoristas, são estruturadas segundo ministérios e serviços diversos, de acordo com as capacidades e carismas de cada um. Fundamentalmente, todos os redentoristas assumem-se como irmãos unidos nos laços do Espírito, e unem-se pelo mesmo seguimento de Jesus para o serviço do Reino. Assim, as nossas comunidades são um contexto, sempre em construção claro, onde aconteça uma experiencia de fé, de fraternidade e de crescimento. Em qualquer relação pessoal entre confrades já se encontra a comunidade cristã: “Onde dois ou três se encontrarem reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. Essa reunião em nome de Cristo expressa a amizade evangélica que anima a comunidade.” (Const. 34).

As comunidades redentoristas não são comunidades fechadas. Para desenvolver esta fraternidade que cada redentorista vive, e para desenrolar a sua missão, a comunidade é aberta ao mundo, ao contexto no qual se inserem e às pessoas com quem caminham no Evangelho: “A comunidade religiosa é para os Redentoristas a primeira e fundamental comunidade. Contudo, esteja ela de tal modo aberta ao mundo que, pelo convívio com os homens, reconheça os sinais dos tempos e dos lugares e se adapte mais adequadamente às exigências da evangelização. Pois, os Redentoristas de certo modo pertencem também a outras comunidades, principalmente aos grupos entre os quais trabalham. Nem por isso estão fugindo da própria comunidade, mas comunicam a todos os homens a alegria do Evangelho com a qual vivem, para que se tornem fermento do mundo e sejam testemunho vivo da esperança” (Const. 43).

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