O papel dos redentoristas

A Constituição 2 chama-nos “colaboradores, companheiros e ministros de Jesus Cristo na grande obra da redenção”. Como vimos, o mistério da Redenção como acção do Espírito que, em comunhão com Cristo transforma os corações, continua hoje. Precisa de testemunhas, de pessoas que se coloquem ao serviço dos irmãos como mediação do Amor, da Justiça e do perdão de Deus. É essa a Missão dos discípulos de Cristo que formam o seu Corpo no mundo: são sua presença e continuadores da sua missão de anunciar e construir o Reino. A missão da Congregação está no coração deste mistério.

Existem muitas formas de colaborar com o Espírito de Cristo na emergência de um Reino de justiça, paz e alegria que vença as forças de pecado, sofrimento e morte deste mundo. Os redentoristas abraçam o anúncio explícito do Evangelho, meio privilegiado de colaborar com o Espírito, junto daqueles a quem faz mais sentido a linguagem da Redenção: os pobres, excluídos e abandonados. “Para que possam cooperar sempre mais plenamente na realização do mistério da redenção de Cristo, incansavelmente rogarão ao Espírito Santo, que é Senhor dos acontecimentos e é quem dá a palavra adequada e abre os corações” (Const. 10).

O anúncio da Palavra do Evangelho oferece às pessoas a alegria de experimentar o Amor e o Perdão do Pai, e ilumina-as para colaborarem com a acção do Espírito Santo dentro de si, que as conduz a viver a sua vocação a realizarem-se como pessoas felizes e livres, no amor e na verdade. “Eles sabem que o mistério do Homem e a verdade da sua vocação integral somente se desvendam verdadeiramente no mistério do Verbo Incarnado. Desse modo tornam presente a obra da redenção em sua totalidade, ao darem testemunho de que aquele que segue a Cristo, homem perfeito, torna-se ele mesmo mais homem” (Const. 19).

Iluminando a vocação de cada ser humano, sobretudo dos pobres, pelo anúncio do Evangelho, os redentoristas partilham o convite de Cristo a participar nesta nova dinâmica do Reino, que transforma toda a realidade humana. Vivendo essa vocação como discípulos, em Igreja, constroem comunidades que os redentoristas devem animar, e que são sinal do Reino. A conversão pessoal, porém, se realiza na comunidade eclesial. “Por isso a finalidade de toda a obra missionária é suscitar e formar comunidades tais que levem vida digna da vocação a que foram chamadas, e exerçam a tríplice função que lhes foi atribuída pelo próprio Deus: sacerdotal, profética e régia” (Const. 12).

Como vemos, a missão redentorista do anúncio da Palavra torna-se um veículo fundamental para a acção do Espírito. Pela interpelação da Palavra, o crente que a acolhe abre-se à acção do Espírito pela conversão do coração: “Dessa forma os Redentoristas são “apóstolos da conversão”, pois sua pregação tem como finalidade principal levar os homens à opção radical ou à decisão de vida por Cristo e conduzi-los com vigor e, ao mesmo tempo, com suavidade à conversão plena e contínua” (Const. 11). Ora, como poderão invocar Aquele em quem não acreditaram? Como poderão acreditar, se não ouviram falar d'Ele? E como poderão ouvir, se não houver quem O anuncie? Como poderão anunciar se ninguém for enviado? (...)A fé depende, portanto, da pregação, e a pregação é o anúncio da palavra de Cristo (Rm 10, 14.17). é o modelo ideal de Act 2: da pregação dos Apóstolos resulta a conversão dos que acolhem, baptizam-se e formam comunidades que se tornam, de verdade, presença do Reino na história.

“A missão dos Redentoristas é levar as pessoas ao ponto crucial da vida cristã: o amor de Deus que é poderosamente revelado em Jesus Cristo. No centro da vida e do ministério da Congregação está o próprio mistério da redenção. Nós Redentoristas nascemos no coração de um ardoroso discípulo de Jesus, que ardia de zelo pela redenção de todos, com especial preferência pelos pobres abandonados” (Comm. Redenção n°15).

Os redentoristas têm uma Boa-Nova a anunciar. Dar-se conta e experimentar esta realidade, esta Salvação a acontecer, necessariamente os impele a dar a sua vida. O seu papel continua a ser importante, o seu carisma continua a existir, o Espírito continua a agir por meio deles: continuam a ser precisos profetas que sejam voz do Espírito às Igrejas (Apc 2, 11) para que sejam presença no mundo da Redenção de Cristo junto dos abandonados e excluídos. A estes a Congregação continua a ser enviada, porque continuam a não conhecer a Boa-Nova do Messias que é de verdade Boa-Notícia.

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